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Alergia ao sol: como prevenir e tratar

Os raios solares podem causar reações cutâneas acompanhadas de prurido. Saiba como as prevenir ou tratar com o dermatologista do Hospital Lusíadas Lisboa, Rui Tavares Bello.

Quase todos o veneram, mas muitos não podem usufruir dele plenamente. Razão? O sol pode causar alergias. Entre as várias doenças da pele que resultam da exposição solar, as mais frequentes são a lucite estival benigna e a erupção polimorfa solar, duas variantes clínicas de um mesmo processo de "alergia ao sol". Ocorrem em até 10% da população, na sua maioria jovens entre os 15 e 35 anos (95%) e, sobretudo, do género feminino. Num país com cerca de 300 dias soalheiros por ano, a doença, muitas vezes menosprezada, merece atenção.

Sintomas mais comuns da alergia ao sol

"A alergia ao sol do tipo lucite estival benigna ou erupção polimorfa solar, podem ser muito incómodas e desconfortáveis", começa por dizer o dermatologista Rui Tavares Bello do Hospital Lusíadas Lisboa, pois manifestam-se através de:

  • Pequenas vesículas ou bolhas;
  • Pequenas pápulas (borbulhas) ou placas;
  • Prurido intenso.

Por vezes, as manifestações são ligeiras e passam quase despercebidas porque são interpretadas como uma alergia a um creme, perfume ou peça de roupa. Por norma, os sinais manifestam-se nas zonas que não estão expostas ao sol durante o ano - e que são, logo, mais sensíveis - tais como:

  • Peito;
  • Ombros;
  • Braços;
  • Pernas;
  • Pés.

Assim, se identificar estes sinais deve estar atento: "Sem intervenção, a doença tende a progredir e gerar complicações como irritação, escoriações, eczema ou mesmo infeção. Por outro lado, podem os seus sinais ou sintomas ser uma manifestação de outras enfermidades graves, como o lúpus eritematoso ou alergias a medicamentos, pelo que justifica sempre uma consulta médica. Não se pode subestimar a doença nem trivializar o diagnóstico", avisa Rui Tavares Bello.

Tratamento  e prevenção

A melhor abordagem é a preventiva. Podem ser usados medicamentos específicos como antioxidantes e imunomoduladores e, por vezes, também é prescrita a exposição a luzes ultravioletas, sob orientação médica, até um mês antes de se iniciar a exposição ao sol.

O que pode fazer para tratar e aliviar

Quando a doença se manifesta, uma das soluções passa pela aplicação de cremes calmantes e corticoides tópicos. "O seu uso deve ser controlado e feito após um diagnóstico bem definido", diz o dermatologista. "Depois, ano após ano, e devidamente instruída, a própria pessoa pode aprender a tratar-se com estes meios terapêuticos." Um alerta: nunca aplicar anti-histamínicos tópicos na pele. Isto porque "há a possibilidade de absorção sistémica e de provocarem alergias de contato", adverte Rui Bello.

Cuidados especiais

A exposição gradual ao sol e o uso de protetores solares adequados é aconselhável a toda a população, mas quem sofre destas doenças deverá ter cuidados acrescidos: apostar na indumentária e nos comportamentos ajustados. "Hoje existem roupas confecionadas com fibras específicas que nos protegem verdadeiramente do sol, o que é muito útil, por exemplo, a quem pratica desporto ao ar livre", aponta o dermatologista, acrescentando que uma t-shirt de algodão, depois de ser lavada algumas vezes, já não serve. Isto porque, ao contrário do que normalmente se pensa, ela oferece um índice insuficiente de proteção UV.

Grupos de risco

A lucite estival benigna e a erupção polimorfa solar podem manifestar-se apenas uma vez na vida ou, como é mais frequente, repetir-se durante uma série de anos até que um dia desaparecem tão rapidamente como surgiram. São mais comuns nas pessoas de pele clara, mas informa o dermatologista, há que ter em conta o fator geográfico: nos climas temperados, as populações são mais afetadas do que nos trópicos ou zonas equatoriais, já que nestes últimos a exposição à radiação não é intempestiva, mas regular. "Dá-se uma espécie de habituação ou dessensibilização", diz.  Quem passa os dias no escritório já sabe: exposição abrupta ao sol, não.

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Dr. Rui Tavares Bello

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