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Triglicéridos: o que são?

Colaboração
Os triglicéridos são uma das classes de lípidos e são importantes para o armazenamento de energia no organismo sob a forma de tecido adiposo. Mas em quantidades altas, podem originar problemas cardíacos.

O que são os triglicéridos?

Apesar da sua má fama, os lípidos, também conhecidos como gorduras, são nutrientes fundamentais. Além de serem uma forma de armazenamento de energia, é fundamental uma quantidade mínima de gordura, não só para fornecer ao organismo ácidos gordos essenciais e vitaminas lipossolúveis, que o organismo não produz, mas também para ajudar na absorção desses nutrientes.

Há várias moléculas diferentes de lípidos, explica Eduarda Comenda, especialista de Medicina Interna do Hospital Lusíadas Lisboa. Uma delas é o colesterol, que constitui cerca de 17% do peso do cérebro e é o percursor das hormonas esteroides, ácidos biliares e vitamina D.

Em excesso, o colesterol pode causar aterosclerose: acumula-se na parede das artérias, dificultando a passagem do sangue, podendo causar ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Outro grupo de lípidos que em excesso também pode causar aterosclerose são os triglicéridos.

A sua fórmula bioquímica é facilmente reconhecida: um triglicérido é composto por três longas moléculas de ácidos gordos ligadas a uma molécula de glicerol, um tipo de álcool mais pequeno do que os ácidos gordos. Há muitos triglicéridos diferentes porque há vários tipos de ácidos gordos na natureza.

Apesar de serem menos conhecidos pelo público em geral do que o colesterol, a verdade é que todos os dias circulam no nosso organismo várias centenas de gramas de triglicéridos.

Em que alimentos se encontram?

Nos alimentos fritos, tais como snacks fritos ou os palitos de queijo. Os produtos de pastelaria também são ricos em triglicéridos devido ao seu elevado conteúdo em gordura.

Como são usados no metabolismo?

Após a digestão e a absorção dos triglicéridos, estes entram em circulação sob a forma de lipoproteínas, mas não podem ser captados intactos pelos tecidos, pelo que sofrem hidrólise por ação da enzima lipoproteína-lipase. Só então ocorre captação dos ácidos gordos originados em consequência dessa hidrólise.

Ao penetrar nos tecidos, esses ácidos gordos livres podem ser re-esterificados, juntando-se outra vez em triglicéridos. Podem também ser oxidados como combustível metabólico. Ou seja, os triglicéridos que ingerimos são usados como fonte de energia ou são armazenados no tecido adiposo, quando ingeridos em excesso.

Qual a vantagem de se armazenar os triglicéridos no tecido adiposo?

Além dos triglicéridos obtidos na dieta, o organismo também produz triglicéridos quando a ingestão calórica ultrapassa as necessidades do organismo.

Como forma principal de armazenamento de energia, as gorduras têm vantagens sobre os hidratos de carbono e proteínas, pois não só o seu valor calórico é mais de duas vezes superior como está associado a uma menor quantidade de água no armazenamento. Os triglicéridos são a forma mais concentrada com que a energia potencial pode ser armazenada.

Os triglicéridos armazenados no tecido adiposo poderão voltar a ser usados?

Quando surgem situações de jejum prolongado ou quando o contributo de hidratos de carbono é escasso, os triglicéridos armazenados no tecido adiposo são transformados em ácidos gordos livres e usados como fonte de energia.

O que acontece quando há um valor elevado no sangue?

Um valor elevado de triglicéridos em circulação (hipertrigliceridemia) está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares em 32% a 78% e de pancreatite em 296%.

Pode surgir em consequência de uma dieta rica em gorduras e/ou hidratos de carbono ou estar associado a doenças (por exemplo, hipotiroidismo, diabetes, doenças genéticas) ou toma de medicamentos. O abuso do álcool, o tabagismo e o estilo de vida sedentário também contribuem para esta situação.

O que fazer quando se registam níveis elevados?

Qualquer pessoa saudável deve evitar dietas ricas em triglicéridos. Mas para corrigir uma situação de triglicéridos altos, é fundamental manter uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável.

Alimentos ricos em gorduras saturadas devem ser reduzidos ao mínimo: carnes com alto teor de gordura, enchidos, salsichas, patês, queijo, manteiga, margarina e óleos como o de girassol ou de milho. No entanto, algumas situações podem necessitar de terapêutica específica, pelo que deve sempre ser consultado o médico assistente.

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Revisão Científica

Dra. Eduarda Comenda

Dra. Eduarda Comenda

Hospital Lusíadas Lisboa

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