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Perturbação de Ansiedade: o que é?

Sentir palpitações, dores no peito ou falta de ar durante mais de 3 meses são alguns dos sinais de perturbação de ansiedade. Neste artigo saiba o que é a ansiedade e como deve atuar para lidar com uma perturbação que afeta muitos portugueses: Portugal é o país da Europa com maior consumo de ansiolíticos.

O medo é uma emoção normal e com efeitos protetores, fundamental para a nossa sobrevivência. A ansiedade faz-nos evoluir, preparar para o que nos põe em perigo e por isso tem um efeito protetor. Os problemas surgem quando a emoção se prolonga além do necessário para cumprir essa função.

Palpitações, insónias, dores no peito, falta de ar durante mais de 3 meses… são sinais de perturbação de ansiedade só possíveis de combater com uma estratégia: enfrentando a origem do próprio medo.

O que é a perturbação de ansiedade

A ansiedade não é uma doença, no sentido em que não se pode constituir por si só como um diagnóstico. O medo é uma emoção adaptativa, que funciona como um estímulo e tem um efeito protetor. É normal sentirmo-nos ansiosos perante um novo desafio, é essa ansiedade que nos torna mais alerta para avaliar a “ameaça” e conseguir agir rapidamente.

É esse sentimento que nos faz ultrapassar um desafio, procurar a solução, que nos torna mais atentos, ou que motiva a recusa de uma situação potencialmente perigosa. É quando esse medo se instala, exacerbado, prolongando-se muito além do que seria normal para cumprir essa função adaptativa, que surgem diferentes tipos de problemas, as denominadas perturbações de ansiedade.

As perturbações de ansiedade diagnosticadas normalmente surgem na infância e depois vão evoluindo até à idade adulta. Quando se mantêm, isso significa que a pessoa não está a conseguir gerir o medo.

Sinais de Alerta

Existe um conjunto de sintomas que revelam uma possível perturbação de ansiedade. Os quadros variam muito de pessoa para pessoa, mas há algumas queixas comuns que podem ser consideradas sinais de alerta.

Sintomas fisiológicos:

  • Taquicardia;
  • Falta de ar;
  • Dificuldade em respirar (sensação de sufoco);
  • Suores repentinos, etc.

Sintomas comportamentais:

  • Evitar sítios ou pessoas, etc.

Sintomas emocionais:

  • Dificuldades de regulação emocional (agressividade, impulsividade, ataques de pânico, etc.).

Nos anos que se seguiram ao início da crise económica de 2008, aumentaram nos consultórios o número de queixas relacionadas com ataques de pânico. As pessoas não estavam a conseguir gerir o medo e procuravam um alívio desses sintomas. É isso que explica também o elevado consumo de psicofármacos.

Somos o país da Europa com maior consumo de ansiolíticos — é um claro sinal de que as exigências aumentaram e com elas também as dificuldades das pessoas em gerir o medo perante a situação.

Enfrentar o medo

A medicação vai diminuir os sintomas físicos mas, por não obrigar a um confronto com a origem do problema, acaba por funcionar como uma resolução temporária. O que a investigação tem demonstrado é que a medicação alivia a sintomatologia, mas não resolve o problema.

Sabe-se que a médio prazo a psicoterapia funciona tão bem como a medicação, mas a longo prazo garante melhores resultados. Quando a pessoa percebe e diferencia o que está a sentir, torna-se capaz de gerir aquilo que sente. A partir do momento em que a ansiedade começa a pôr em causa o funcionamento normal da pessoa, afetando uma ou mais dimensões do seu dia a dia, com implicações funcionais ou relacionais — e essa situação se prolonga, por um período superior a três meses - é fundamental pedir ajuda especializada.

Um acompanhamento individualizado de psicoterapia permite o desenvolvimento de estratégias para gerir a ansiedade, num processo que passa por identificar as emoções para progressivamente passar a conseguir regulá-las de forma a conseguir enfrentar as causas e tornar capaz de gerir o medo presente e em situações futuras.

Estratégias para o dia a dia

Sobre a meditação, a investigação feita não tem demonstrado resultados consistentes. Mas é sabido que dormir sete a oito horas por noite, seguir uma alimentação cuidada e praticar exercício físico são hábitos saudáveis que ajudam a gerir melhor os desafios do quotidiano.

Além disso, implementar estratégias práticas como organizar as tarefas por ordem de prioridade logo de manhã, permite começar o dia com uma maior sensação de controlo, evitando um dos medos mais comuns, o de não ser capaz, de não conseguir estar à altura da exigência.

Em qualquer caso, este tipo de atitude só produzirá o resultado desejado perante a ansiedade comum, adaptativa, que geralmente a pessoa sente quando colocada perante novos desafios.

Sempre tendo em conta a origem dessa ansiedade. Uma premência que se explica de uma forma simples com um exemplo muito prático: Se na origem do medo está, por exemplo, a sensação de não ser capaz de fazer um relatório ou cumprir o prazo de entrega do mesmo, a primeira coisa a fazer é dedicar-se a essa tarefa, enfrentando o desafio, para que o medo associado desapareça. A pessoa até pode passar a manhã inteira a fazer exercício físico, que a ansiedade não irá desaparecer.

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