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5 doenças reumáticas que tem de conhecer

Nas doenças reumáticas, conhecer os sinais e saber como agir é essencial. António Vilar, especialista de Reumatologia e médico nos consultórios privados do Hospital Lusíadas Lisboa, apresenta as principais doenças reumáticas.

Com mais de uma centena de patologias e subtipos, as doenças reumáticas são um problema de saúde com impacto na qualidade de vida ao comprometer as capacidades físicas, motoras e afetar a pessoa até a nível psicológico e social. As mulheres são o grupo mais atingido por este tipo de doenças do foro músculoesquelético que, com a longevidade, tende a ganhar expressão.

Cinco doenças reumáticas que deve conhecer

1. Lombalgia

Lidera a prevalência nacional a nível reumatológico com 26,4%, segundo o estudo Epireuma, o primeiro de larga escala sobre as doenças reumáticas realizado em Portugal (dez mil inquiridos) e é uma das razões que mais pessoas leva à consulta médica, mas não é uma doença. A lombalgia, que afeta uma em cada três pessoas pelo menos uma vez na vida, é um sintoma.

Trata-se de uma dor muscular situada na zona lombar e que tem origens diversas:

  • Atitude postural deficiente;
  • Movimento brusco;
  • Esforço intenso;
  • Hérnia discal;
  • Artrose;
  • Doença inflamatória como a espondilite;
  • Doença infeciosa, como a brucelose. Fraturas de vértebras lombares, como na osteoporose, podem ocorrer e, embora mais raramente, pode ser a primeira manifestação de doenças malignas ou de metastases ósseas de cancro.

Como agir

O tratamento deste sintoma depende de um diagnóstico preciso e varia segundo as causas, explica António Vilar, especialista em Reumatologia e médico nos consultórios privados do Hospital Lusíadas Lisboa. “De uma forma geral inclui medicamentos adequados à situação específica, tratamentos locais, fisioterapia, hidroterapia e por vezes cirurgia”.

Estar atento a este sintoma é importante e aconselha-se a procurar um médico, “quando não se resolve espontaneamente, a intensidade ou a incapacidade que provoca é muito marcada ou as recaídas frequentes, para fazer o diagnóstico e tratar ou corrigir a causa”, recomenda.

2. Artrose

É a doença reumática mais frequente a nível mundial. Também designada por osteoartrose, atinge sobretudo as articulações dos joelhos, mãos, pés, anca e coluna. É uma doença degenerativa que tem origem na cartilagem e provoca dor, deformação óssea, limitação de movimentos e incapacidade progressiva.

Alguns fatores de risco:

  • Obesidade;
  • Idade superior a 50 anos;
  • Genética;
  • Desgaste articular;
  • Traumatismos repetidos.
     

Como agir

Existem sinais de alarme que devem levar a procurar um médico, destaca António Vilar: “Dor nas articulações de carga, incapacidade funcional em certos gestos ou atividades, antecedentes familiares ou fatores de risco conhecido”.

O tratamento pode incluir a toma de anti-inflamatórios, analgésicos, fisioterapia, injeções intra-articulares de anti-inflamatórios ou de lubrificantes e a cirurgia com colocação de próteses que anulam a dor e devolvem a qualidade de vida perdida.

Adotar hábitos de vida saudável – perder peso, prática de exercício moderado, repouso relativo, evitar esforços e traumatismos repetidos - é também aconselhável.

3. Artrite reumatoide

A artrite reumatoide a principal e mais frequente doença reumática inflamatória e pode levar a deformações articulares, perda de função e incapacidade extrema se não for tratada de forma rápida e adequada.

Manifesta-se de forma habitualmente simétrica, sobretudo nos punhos, mãos, tornozelos e pés que se apresentam inflamados, com inchaço, vermelhidão e dor. Está associada a uma resposta imunitária desadequada de causa(s) desconhecida(s) mas com maior incidência no sexo feminino e na menopausa.

Como agir

Para além da dor, edema, vermelhidão ou rigidez articular, podem surgir outros sintomas como febre, fadiga, inflamação da membrana cardíaca ou pulmonar, entre outros.

Apesar de não ter cura, existem tratamentos que visam travar a sua evolução. Como realça o especialista, atualmente “quase todos os doentes fazem anti-inflamatórios ou corticoesteróides (que são apenas sintomáticos) e a utilização dos modificadores da doença é crucial para a remissão da doença que é hoje o principal objetivo. Os medicamentos inovadores vieram permitir o controlo dos sintomas em 90 por cento dos doentes”.

4. Osteoporose

Resultado da fragilidade óssea devido ao baixo nível de cálcio nos ossos, esta patologia pode ter consequências graves, com o risco de fratura, deformação (das vértebras) e incapacidade motora. Não admira, portanto, que a osteoporose apresente a taxa mais elevada de mortalidade e morbilidade do grupo de doenças reumatológicas.  

As recomendações de António Vilar para quem se aproxima da idade de risco:

  • Ingestão adequada de alimentos com cálcio e vitamina D;
  • Exercício físico diário adequado (pode ser marcha de 45 minutos/dia);
  • Prevenção das quedas e a eventual medição da massa óssea por densitometria na coluna e/ou fémur”.

Esta patologia agrava-se com a menopausa e afeta sobretudo as mulheres após os 65 anos.

Como agir

Embora assintomática antes de fratura, a dor difusa e alterações na postura ou estatura podem ser um indício da doença. “Se tem mais de 65 anos ou teve uma menopausa precoce, se já teve uma fratura de baixo impacto, se teve alguma doença da tiroide, tomou corticoesteroides durante mais de três meses, os seus pais tiveram fratura do fémur, é fumadora ou a sua dieta é cronicamente pobre em cálcio ou vitamina D, procure o seu médico ou fale com um reumatologista”, aconselha António Vilar, recordando ainda que “algumas doenças como a artrite reumatoide ou a asma tratada cronicamente com corticoesteroides são fatores de risco para a osteoporose”.

O tratamento engloba a toma de fármacos (analgésicos, substituição hormonal e bisfosfonatos) e de suplementos em cálcio e vitamina D.

5. Reumatismos periarticulares

Este grupo inclui várias síndromes dolorosas que podem envolver os tendões, músculos e tecidos moles e é o principal motivo de consulta em Reumatologia.

Podem dever-se a:

  • Uso intenso e repetitivo da articulação (profissão, lazer, desporto);
  • Lesões recorrentes.

Mas também podem surgir associados a patologias como:

  • Artrite reumatoide;
  • Espondilite anquilosante;
  • Gota;
  • Tendinites (inflamação dos tendões);
  •  Bursites (inflamação das bolsas de líquido sinovial que previnem o atrito articular).

Como ilustra António Vilar, “as tendinites profissionais e desportivas recidivantes ou associadas a doenças crónicas, podem calcificar com episódios hiperagudos de dor e incapacidade, como por exemplo: o “ombro congelado” em que o doente com as dores não mexe nem deixa tocar; a dor no cotovelo (epicondilite), conhecida por cotovelo do tenista, que advém do uso e abuso de movimentos (aparafusar, agrafar, torcer) e dá grande incapacidade. As bursites são também muito incapacitantes e ocorrem por vezes nas ancas após caminhadas ou exercícios prolongados.”

 Como agir

Os principais sintomas deste problema são “a dor e limitação dos movimentos localizadas, a associação a doenças reumáticas já existentes.

A observação e palpação pelo reumatologista permite fazer o diagnóstico”, explica o médico. Na ocorrência de sintomas deverá “repousar a articulação e marcar uma consulta médica se não melhorar.

Após o diagnóstico, deve prevenir as recidivas nos casos profissionais ou de traumatismo repetido”, indica. O tratamento consiste na correção dos fatores na sua origem, fármacos para controlo da dor e fisioterapia se necessário.

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