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Quando levar a sua filha ao ginecologista?

Colaboração
A maturidade e o contexto familiar e social são fatores importantes na hora de decidir se está na altura de ir com a sua filha a uma consulta.

A dúvida é comum. A partir de que idade uma adolescente deve recorrer ao ginecologista? Não há uma altura certa, assegura Sérgio Neves, pediatra especialista em Medicina do Adolescente da Clínica Lusíadas Almada e do Hospital Lusíadas Amadora. “Depende de cada adolescente e do seu contexto familiar, cultural, social e étnico”, diz o também coordenador da Unidade de Pediatria do Hospital Lusíadas Amadora.

“As adolescentes entram na puberdade em idades diferentes (10-13 anos) e as mudanças físicas e os padrões de maturação psicoafetivos podem não ser coincidentes. Temos raparigas na primeira fase da adolescência (10-13 anos) que estão ainda centradas nas mudanças físicas e outras na segunda fase da adolescência (14-16 anos) que podem vivenciar as relações interpessoais e a intimidade”, acrescenta o médico.

Irregularidades menstruais, hemorragias disfuncionais uterinas, dismenorreia (dores menstruais), hirsutismo (crescimento excessivo de pelos em zonas andrógenas), acne e contraceção são os principais motivos que levam as adolescentes a uma consulta de especialidade.

Segundo Sérgio Neves, nem sempre é necessário recorrer a um ginecologista em matéria de desenvolvimento pubertário ou saúde reprodutiva. “O pediatra pode fazer esse acompanhamento se tiver formação”, explica.

Tal como na infância, o Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil prevê consultas de vigilância: uma consulta aos 10 anos, outra aos 12/13 e outra aos 15/18 anos. “Em todas elas a abordagem é holística e implica entrevista estruturada sobre família, escola, amigos, atividades, sexualidade, experimentação, consumos, saúde mental, cuidados preventivos ligados à vacinação, higiene e saúde oral”, refere o pediatra.

Os pais têm de autorizar a prescrição de contracetivos?

A partir dos 16 anos, as adolescentes podem recorrer a consultas de planeamento familiar e tomar a pílula ou outro contracetivo sem autorização dos pais. Contudo, e quando possível, o envolvimento dos pais é importante. “Se uma adolescente mostrar interesse em recorrer ao ginecologista ou pediatra, isso deve ser visto como sinal de autonomia e responsabilização e não implica que tenha ou vá ter relações sexuais”, alerta Sérgio Neves.

Na generalidade dos casos, as adolescentes procuram este tipo de consulta em busca de contracetivos, admite o pediatra. Nestas alturas, o médico aproveita para abordar outros temas. “A prescrição de contracetivos implica uma avaliação clínica (por exemplo, medir a tensão arterial e controlar o peso), rastrear contraindicações, mas não só. Aborda-se o uso do preservativo, o risco de gravidez e faz-se prevenção no que diz respeito à violência no namoro, aos consumos associados, e os sentimentos de desvalorização e culpa.”

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Dr. Sérgio Neves

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