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O que é o autismo?

Colaboração
O autismo é uma perturbação complexa que afeta uma em cada mil crianças.  A pediatra Mafalda Brito, responsável pela consulta de Desenvolvimento Infantil do Hospital Lusíadas Lisboa, explica o que é.

O autismo é uma perturbação do desenvolvimento do cérebro em que as pessoas têm dificuldade de comunicação e nas interações sociais, podendo apresentar ainda padrões de comportamento, interesses e atividade fora do habitual, segundo a definição da Harvard Medical School.

Os médicos usam o termo Perturbações do Espetro do Autismo para definir um conjunto de perturbações neuropsiquiátricas do desenvolvimento da criança resultantes de disfunções do desenvolvimento do sistema nervoso central. Há cinco tipos de perturbações, mas os principais são o autismo clássico, o síndrome de Asperger e a Perturbação do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Manifestações do autismo

Este tipo de perturbações do espetro do autismo têm múltiplas causas e podem apresentar várias manifestações clínicas. Manifestam-se no domínio social, da linguagem e comunicação, e do pensamento e comportamento.

A nível social

O desenvolvimento interpessoal da criança é diferente dos padrões habituais; a criança tende a isolar-se ou a interagir de forma estranha. No entanto, há formas de estimular a criança, mas que devem ser testadas caso a caso: "É muito complicado ter um filho autista, já que não se consegue estabelecer com ele nenhum tipo de relação.

Além disso, a evolução é muito imprevisível. Com o mesmo conjunto de estimulações há crianças que melhoram e outras não", diz Mafalda Brito, responsável pela consulta de Desenvolvimento Infantil do Hospital Lusíadas Lisboa.

Ao nível da comunicação

Estima-se que 50% dos autistas não desenvolvam linguagem durante a sua vida.

Ao nível do pensamento e do comportamento

A ausência de imaginação é um traço característico, assim como a rigidez do pensamento; tendência a comportamentos ritualistas e obsessivos, com dependência de rotinas.

Outras manifestações:

  • Atraso mental;
  • Epilepsia;
  • Bipolaridade;
  • Hiperatividade;
  • Impulsividade;
  • Défice de atenção;
  • Perturbação obsessiva compulsiva;
  • Hábitos de comer e dormir pouco usuais;
  • Ausência de medo.

As pessoas com este tipo de perturbações podem reagir de forma estranha ao toque, cheiro, sons, estímulos visuais ou de paladar.

Causas

Apesar de se reconhecer a influência de alguns fatores para o desenvolvimento do autismo, ainda não se identificaram causas específicas. "Ao longo dos anos tem sido feita muita investigação e há mais em curso, mas continuamos sem saber o que é. Há muitas causas e nenhumas para o autismo", explica a pediatra Mafalda Brito.

Depois de, na década de 60, se ter descartado a falta de afetividade por parte das mães (e dos pais em geral) ou a vacinação como causas prováveis, a investigação científica avançou teorias que incluem a evidência de fatores genéticos, ambientais e orgânicos na origem da doença:

  • Predisposição genética

Foi observado um aumento na taxa de autismo em parentes próximos e probabilidade de 60% de existência em gémeos monozigóticos;

  • Complicações durante a gravidez

Doenças da mãe durante a gravidez, tais como rubéola ou hipertiroidismo;

  • Fatores ocorridos durante ou depois do nascimento

Parto prematuro, peso abaixo do normal, infecções graves neonatais, traumatismo no parto;

  • Epilepsia

Presente em 26 a 47% das pessoas com autismo;

  • Anomalias nas estruturas e funções cerebrais

Tais como no cerebelo, hipocampus e amígdala.

  • Género

Em cada mil pessoas, uma é autista e a proporção de rapazes para raparigas com a síndrome é de 4/1.

Diagnóstico precoce

Um diagnóstico precoce e preciso é essencial para começar a trabalhar com a criança. A consulta com um especialista é indispensável também para descartar outras doenças ou até afastar a hipótese de autismo.

"Algumas crianças têm algumas características dos autistas mas melhoram, são fases", alerta Mafalda Brito. Estas características podem mostrar-se, em maior ou menor grau, pouco sociais, mais obsessivas, com birras exageradas e despropositadas ou com uma ligação estranha a certos objetos.

Esta situação, porém, não se transforma numa forma de estar na vida, nem se prolonga no tempo.

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Dra. Mafalda Brito

Dra. Mafalda Brito

Hospital Lusíadas Lisboa

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