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Bebés prematuros: o que os pais devem saber

Todos os dias, nascem em Portugal 17 bebés prematuros. Portugal tem uma das mais altas taxa de prematuridade da Europa, com um registo anual de 8% de partos antes das 37 semanas de gestação.

Caracterizam-se por nascerem antes do tempo e, pelo seu tamanho e baixo peso, os bebés prematuros parecem-nos (ainda mais) frágeis e vulneráveis.

Fatores de risco

A probabilidade de um parto pré-termo é maior em algumas situações. São considerados vários fatores de risco:

  • História prévia de prematuridade;
  • Recurso a técnicas de procriação medicamente assistida;
  • Pré-eclâmpsia (disfunção dos vasos sanguíneos);
  • Descolamento da placenta;
  • Malformações fetais;
  • Gemelaridade;
  • Outros fatores.

Existem alguns indicadores de saúde associados ao parto pré-termo que funcionam como sinais de alerta para os médicos, nomeadamente a hipertensão arterial, diabetes, historial de infertilidade, gemelaridade ou malformações.

Como se define a prematuridade

Um bebé que nasce antes das 37 semanas é considerado um bebé prematuro. A idade gestacional e peso do bebé determinam depois a classificação do nível de prematuridade em causa.

  • Prematuridade segundo a idade gestacional

Prematuro pré-termo limiar: 33 a 36 semanas
Prematuro moderado: 28 a 32 semanas
Prematuro extremo: Menos de 28 semanas

  • Prematuridade segundo o peso à nascença

Prematuro de baixo peso: Entre 1,5 e 2,5 kg
Prematuro de muito baixo peso: Entre 1 e 1,5 kg
Prematuro de extremo baixo peso: Menos de 1 kg

Como são os bebés prematuros?

O tamanho impressiona, mas não só. É importante que os pais estejam preparados para os sinais de imaturidade que caracterizam um bebé prematuro:

  • Baixo peso;
  • Pele fina, brilhante e rosada, por vezes coberta por lanugo (penugem fina);
  • Veias visíveis sob a pele;
  • Pouca gordura;
  • Cabelo escasso;
  • Orelhas finas e moles;
  • Cabeça grande e desproporcionada em relação ao resto do corpo;
  • Músculos fracos e atividade física reduzida (tende a não elevar os braços e as pernas);
  • Reflexos de sucção fracos ou inexistentes;
  • Respiração irregular.

Implicações da prematuridade

A imaturidade de todos os sistemas torna os bebés prematuros muito mais vulneráveis. Em menor ou maior grau, os bebés revelam dificuldades em cumprir as funções básicas, fundamentalmente em três áreas essenciais: controlo da temperatura corporal, respiração e alimentação.

Quanto maior a prematuridade, maior a imaturidade e maior a probabilidade de existirem complicações relacionadas. Um recém-nascido com prematuridade extrema, com uma pele muito imatura, perde água de tal ordem e de forma insensível que temos que acautelar desde o primeiro minuto de vida a desidratação que rapidamente colocará este bebé em colapso.

1. Temperatura corporal

Os mecanismos de regulação térmica não estão suficientemente desenvolvidos. São muito importantes todas as medidas que visem diminuir a perda de calor, bem como o aquecimento do ambiente e das superfícies que contactam com o bebé.

 2. Respiração

Em caso de risco de prematuridade ou parto programado para antes das 37 semanas, é habitual o recurso a corticoides para estimular o desenvolvimento pulmonar. A probabilidade da necessidade de ventilação invasiva e do desenvolvimento de sequelas, nomeadamente a displasia broncopulmonar, é muito superior nos recém-nascidos que não foram submetidos a maturação pulmonar in utero, particularmente naqueles com extremo baixo peso.

Este procedimento deve ser feito entre as 24 e as 34 semanas, o mais perto da data do parto quanto possível.

 3. Alimentação

Pelo menos nas primeiras semanas de vida, todos os bebés prematuros são sujeitos a nutrição parentérica, ou seja, a uma nutrição artificial, criteriosamente elaborada, realizada por via endovenosa.

Depois, à medida que cada recém-nascido, com a sua condição individual, começa a aceitar o leite (idealmente materno) por via oral, são oferecidas doses crescentes, de forma lenta e progressiva até este se tornar o único alimento do bebé.

Acompanhamento e prognóstico

Os bebés prematuros são, num primeiro momento, tratados na Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais (UCIN) por equipas diferenciadas e multidisciplinares, que incluem neonatologistas, enfermeiros e psicólogos. Cada caso é uma história clínica pessoal e, como tal, com um prognóstico próprio e nem sempre previsível.

Sabemos que um bebé que nasce às 25 ou 26 semanas de idade gestacional vai estar provavelmente mais de três ou quatro meses internado e que a probabilidade de morte ou de sequelas é maior. Mas também é verdade que muitos destes bebés evoluem muito bem e sem sequelas que interfiram gravemente nas suas competências.

Após a alta, os bebés prematuros são orientados para a consulta de Pediatria, onde é feito todo o acompanhamento do crescimento e dos marcos do neurodesenvolvimento. O seguimento multidisciplinar da criança prematura é fundamental. É muito importante envolver especialidades como a Medicina Física e de Reabilitação e terapeutas, o Neurodesenvolvimento e a Psicologia, a Oftalmologia, a Nutrição, entre outras.

O papel dos pais

A presença dos pais é fundamental em todo o processo. A investigação aponta para que essa proximidade possa contribuir não só para o bem-estar do bebé, mas também para a sua recuperação.

Toda a vinculação estabelecida nesta fase parece aumentar os resultados mais positivos. As experiências sensoriais com os pais e o respeito pelo bebé prematuro na sua condição fisiológica por parte dos profissionais parecem melhorar a condição final destes bebés.

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