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Jovens em risco: como identificar os sinais

Ana Peixinho, Coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, indica algumas estratégias para identificar jovens em risco.

Jovens em risco têm de ser identificados e encaminhados urgentemente, como os cerca de 7% que já tiveram comportamentos autolesivos e nunca procuraram ajuda. Ana Peixinho, Coordenadora da Unidade de Psiquiatria e Psicologia do Hospital Lusíadas Lisboa, indica algumas estratégias.

Identificar jovens em risco

Existem grupos de risco para os comportamentos autolesivos, nomeadamente os jovens com sintomas depressivos, comportamentos disruptivos (como episódios de agressividade ou fuga de casa), história de consumo de drogas ou álcool, antecedentes de abuso físico e sexual, vítimas de bullying ou aqueles que já foram expostos ao suicídio ou autolesão de outros. É fundamental estar atento a estes grupos de risco e assim que se identificar algum tipo de comportamento autolesivo referenciar o adolescente de imediato às estruturas adequadas.

Estratégias eficazes para apoiar jovens em risco

  • Formação de porteiros sociais (gatekeepers

Técnicos de saúde, professores ou auxiliares escolares, sacerdotes (ou mesmo alguns pais) treinados para reconhecerem os sinais de alarme deste tipo de comportamento, questionar, estimular a pedir ajuda, referenciar e preparar o adolescente para lidar com situações de crise;

  • Identificação pelos seus pares

Jovens conhecidos pelas suas características de liderança e empatia são treinados de forma semelhante aos gatekeepers (medida assume bastante controvérsia pois o risco dos adolescentes saudáveis virem a desenvolver este tipo de comportamento também existe).

  • Protocolos de rastreio

Podem ser implementados em escolas mas apresenta limitações como os custos elevados, o risco de estigmatização e também o facto de as questões sobre o assunto poderem aumentar o risco de comportamentos associados.

  • Formação de médicos de família

Assim como de médicos que trabalhem em serviço de urgência, para identificação casos de jovens em risco.

Como abordar o problema

Assim que for identificado, o adolescente deve ser imediatamente encaminhado para um profissional de saúde. Compreender o problema é uma tarefa complexa que requer um enquadramento psicológico, psicopatológico, emocional e social que deve ser realizado por um técnico especializado e com experiência em Psiquiatria da Adolescência.

Tratamentos disponíveis

O tratamento destes jovens em risco requer habitualmente intervenção psicológica e psicofarmacológica.

  • A intervenção psicológica envolve:

Terapia Cognitivo Comportamental - eficácia na redução dos sintomas depressivos, embora a sua utilização nos comportamentos autolesivos comece a demonstrar resultados promissores;

Terapia Familiar - focada na melhoria da comunicação e na resolução de problemas familiares.

  • A nível farmacológico:

Antidepressivos – têm alguma eficácia para a redução de comportamentos ou ideias autolesivos.

Estabilizadores do Humor - por vezes utilizam-se também fármacos que controlam a impulsividade associada a estes comportamentos, reduzindo a sua frequência.

Futuro hipotecado?

O comportamento de jovens em risco por vezes é limitado no tempo, mas pode fazer parte de um perfil psicológico que pode levar ao desenvolvimento de outras patologias mais tarde. Cada caso apresenta características específicas e deve ser individualmente analisado. É consensual que a existência deste tipo de comportamento predispõe para o desenvolvimento de doença mental na idade adulta. Contudo existem casos limitados no tempo, com um prognóstico mais favorável.

Estar atento e agir o mais rápido possível pode determinar o sucesso do tratamento.

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Revisão Científica

Dra. Ana Peixinho

Dra. Ana Peixinho

Coordenador da Unidade de Neuropsicologia , Psicologia , Psiquiatria

Hospital Lusíadas Lisboa
Hospital Lusíadas Monsanto

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