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Acne na adolescência: o que fazer?

Rosto com lesões visíveis e uma autoestima ferida. Estas são as principais marcas que a acne deixa durante a adolescência. Descubra quais os cuidados a ter e como tratar este problema.

“Ter de encarar o futuro com borbulhas no rosto”, já cantava Rui Veloso sobre os desafios de ser jovem. A ligação entre juventude e acne está longe de ser apenas um mito e tema de canções: cerca de 85% dos adolescentes são afetados por acne, em graus diferentes, com sequelas que podem permanecer para a vida adulta.

Apesar da incidência e da visibilidade da acne na adolescência, “nos dias de hoje, não há motivo para um jovem desanimar”, realça Joaquim Cabrita, dermatologista do Hospital Lusíadas Albufeira e da Clínica Lusíadas Faro.

O especialista lembra que, atualmente, estão disponíveis “medicamentos e técnicas para lidar com todos os tipos de acne e sequelas”. Em paralelo, os cuidados de rosto e de alimentação são importantes para prevenir o agravamento da acne.

O que provoca a acne?

Esta é uma doença da pele muito comum, que afeta os folículos sebáceos e os torna excedentários de gordura e células mortas. Na maioria dos casos, a acne não surge por uma única causa, mas por uma combinação de fatores:

  • Predisposição genética;
  • Influência hormonal;
  • Aumento da produção de sebo (substância oleosa produzida pelas glândulas sebáceas);
  • Obstrução folicular;
  • Presença da bactéria Propionibacterium acnes (que se “alimenta” do sebo e provoca a inflamação dos folículos);
  • Inflamação cutânea.

Além destas causas, “outros fatores podem influenciar negativamente a evolução da acne, como o stresse, a aplicação de produtos agressivos na pele e a manipulação das lesões inflamadas”, acrescenta Joaquim Cabrita. A alimentação não é vista como uma causa para a doença. No entanto, estudos científicos sugerem que os alimentos ricos em açúcar e leite, quando consumidos de forma regular, aumentam a produção de sebo e, com isso, podem agravar a acne.

Porquê a acne na adolescência?

A acne afeta cerca de 85% dos adolescentes e, desses, entre 10% a 20% precisam de aconselhamento especializado por um dermatologista. Apesar de, tendencialmente, ser “mais precoce no sexo feminino”, como explica Joaquim Cabrita, a doença “acaba por assumir formas mais graves nos rapazes”.

Mas por que razão estão os adolescentes mais predispostos a ter acne? Tudo gira em torno das alterações hormonais da puberdade (acentuadas na adolescência), que desencadeiam e agravam as lesões da pele. As hormonas estimulam as glândulas sebáceas a produzir mais sebo, o que, por sua vez, origina uma proliferação da bactéria Propionibacterium acnes e o consequente processo inflamatório.

Além das marcas físicas, a doença contribui também para uma autoimagem negativa nos adolescentes. Joaquim Cabrita deixa, por isso, o alerta: “A acne na adolescência, por ser um período da vida em que ocorrem rápidas e importantes modificações físicas e psíquicas, pode ter um impacto psicossocial importante, afetando a autoestima dos jovens, levando ao isolamento social e, em alguns casos, à depressão e ideação suicida.”

Como se manifesta? 

A acne não é igual para todos – e pode variar no tipo e gravidade das lesões. No entanto, há algo em comum: a zona do corpo onde se manifesta. “A acne afeta, sobretudo, a área central da face (mais rica em folículos sebáceos) e a parte superior do tronco”, esclarece o dermatologista.

Por norma, a doença evolui gradualmente. Primeiro, a pele torna-se mais oleosa. Aparecem os primeiros pontos negros (comedões abertos) e pontos brancos (comedões fechados).

Com a progressão da acne, os comedões podem evoluir para lesões inflamatórias superficiais (pápulas inflamatórias e pústulas) ou mais profundas (nódulos e quistos). Estas lesões podem originar sequelas como pigmentações persistentes e cicatrizes definitivas.

Cuidados a ter 

A acne está ainda numa fase inicial? Nesse caso, alguns cuidados diários de higiene e alimentação podem evitar a progressão dos pequenos pontos negros e brancos para lesões inflamatórias. A saber:

  • Rotina de higiene diária, com lavagens e uso de produtos suaves (de venda livre nas farmácias);
  • Remoção dos pontos brancos e negros (em caso de dificuldade na remoção de pontos negros, poderá recorrer a uma “limpeza de pele” num gabinete de estética);
  • Evitar irritar ou manusear as lesões inflamadas;
  • Evitar dietas com consumo exagerado de leite magro (ou desnatado), açúcares e hidratos de carbono simples.

Acne na adolescência: quando consultar o dermatologista e qual o tratamento?

A consulta com um especialista em dermatologia é recomendada quando a área afetada pela acne é extensa, a terapêutica tópica não está a obter os resultados esperados (permanece o número de lesões, a sua intensidade e inflamação) ou exista um histórico de recorrência frequente (sobretudo com tendência a cicatrizes e pigmentações persistentes).

“Quando surgirem lesões inflamadas com pus (ou mais profundas e dolorosas), em número que justifique, ou uma acne mais extensa e recorrente com tendência cicatricial, pode haver necessidade de recorrer a uma consulta especializada”, resume Joaquim Cabrita. Cada caso é um caso.

Por isso, o tratamento para a acne recomendado pelo dermatologista tem em conta a idade do adolescente, o sexo, a área afetada e o tipo predominante de lesões. Segundo o dermatologista do Hospital Lusíadas Albufeira e da Clínica Lusíadas Faro, estas são as principais abordagens terapêuticas seguidas:

  • Acne ligeira

Terapêutica tópica (no caso de lesões inflamatórias, poderão ser necessários antibióticos de aplicação local);

  • Acne moderada

Medicamentos orais (para as raparigas, poderá ser prescrita uma terapêutica hormonal – pílula);

  • Acne agravada

Casos mais persistentes, com maior inflamação ou tendência cicatricial necessitam de uma terapêutica mais agressiva. A cirurgia apenas é recomendada para quistos e cicatrizes.

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